segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Movimento “Somos todos Josemiro” se fortalece e pressiona a Administração da UFMA

Manifestantes seguem firmes.
Após uma semana de intensa manifestação por parte de estudantes da UFMA em defesa da Casa no Campus, o movimento vem ganhando força. O protesto já recebeu o apoio do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e de outros diretórios acadêmicos, além de professores e da comunidade do bairro do Sá Viana. Os manifestantes também têm atraído a atenção de militantes, representantes do poder público, da OAB, do MP e, recentemente, de organismos da Igreja Católica, com apoio do arcebispo de São Luís.

Nesta segunda-feira (02), foi realizado um ato público na Av. dos Portugueses desde às 6h30 da manhã, onde membros da comunidade acadêmica e outros adeptos à causa paralisaram a avenida para se solidarizarem com Josemiro Oliveira e Daniel Fernandes, que entraram em greve de fome.

O protesto começou na última terça-feira, dia 26, quando um grupo de pelos menos 12 estudantes iniciou uma manifestação contra a mudança de finalidade de um prédio, localizado no interior da Universidade, que seria destinado à casa do estudante, porém foi adaptado para abrigar a Pró-reitoria de Assistência Estudantil; além de melhorias no restaurante universitário e gratuidade na alimentação. Nesse contexto, o estudante de Ciências Sociais, Josemiro Oliveira, acorrentou-se em frente ao portão do que deveria ser a residência universitária e entrou em greve de fome desde o meio-dia, chamando atenção para o problema. "A luta pela casa do estudante no Campus vem desde 2005, quando foi determinada a construção da Casa do Estudante. Desde esse período a gente vem lutando. Eu nem tava na casa, mas moradores antigos vêm lutando e tudo o que tá acontecendo aqui hoje é em decorrência disso (...) e a decisão pelo acorrentamento é justamente pra dar ênfase na urgência da questão do aumento do número de vagas", contou Josemiro.

Desde 2005, a casa do estudante foi prometida, com prazo de entrega para o ano de 2007, porém a obra já se arrasta por cerca de cinco anos, com mais de 1 milhão de reais investidos. Recentemente foi adaptada para abrigar a nova Pró-reitoria de Assistência Estudantil, que vai utilizar o prédio como um Centro de Assistência Estudantil, para atender as demandas nas áreas da saúde, educação, cultura, dentre outras. "A gente sabe que é uma Pró-reitoria importante, inclusive é uma revindicação dos estudantes, mas a gente entende que esse prédio tem que ser entregue com a finalidade para a qual ele foi construído, que era pra ser a Casa do Estudante. (...) a gente precisa ter, sim, uma Pró-reitoria que articule as políticas de assistência estudantil, mas que vá funcionar em outro local, que vá ter um corpo de funcionários que atenda bem, que hoje não é o que acontece com o NAE (Núcleo de Assistência Estudantil)", ressalta a estudante do Curso de Direito, Daiana Coelho.

Universitários dão apoio ao protesto.
Daiana participa do movimento em prol da Casa do Estudante na Universidade e endossa o discurso defendido por Josemiro. "Tem a ver com toda a política de assistência estudantil que hoje a UFMA tem deixado muito a desejar mesmo. Bolsa permanência, auxílio-transporte, auxílio-moradia, tudo isso tem deixado muito a desejar e os estudantes estão numa situação precária. Os daqui estão e os dos outros campi ainda mais (...) a interiorização tá sendo um processo dolorido pros estudantes, porque não tá acompanhando as políticas estudantis de permanência na Universidade", afirma.
A solidariedade ao estudante acorrentado por parte de representantes de vários setores da instituição se tornou crescente, mas a UFMA manteve-se em silêncio quanto ao caso durante dois dias. "Só acaba [a greve de fome] quando o Reitor se pronunciar e negociar a devolução da Casa do Estudante", assegurou Josemiro.

Somente às 17h49 da quinta-feira (28), a UFMA finalmente divulgou uma nota oficial, alegando que a reivindicação por uma residência universitária dentro do espaço da Universidade não foi pautada na reunião feita com o Pró-reitor de Assistência Estudantil, Antonio Luís Amaral Pereira, e os representantes das casas estudantis no dia em que começou o protesto. Em relação à gratuidade do restaurante universitário a Administração Superior afirma que, nos últimos anos, tem investido em uma série de ações, como a ampliação do número de refeições diárias, ofertando ainda, mais de quinhentas bolsas de alimentação, inclusive aos residentes das casas estudantis, que por sua vez, receberam nos últimos anos, mais de R$ 600 mil reais em reformas para a melhoria da infraestrutura, além de manter desde 2007 o valor da refeição em R$ 1,25 para os estudantes (Veja a nota na íntegra em: http://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=42680).

Entretanto, as reivindicações apresentadas nesta manifestação são antigas, como se pode constatar nos registros da Ata de Audiência de Conciliação do dia 13 de junho de 2007. A audiência ocorreu após uma ação de reintegração de posse de autoria da UFMA, na gestão anterior, contra o Grupo de Ocupação da Reitoria. Na ocasião, a direção da Universidade assumiu compromissos quanto à resolução de problemas referentes à Residência e ao Restaurante Universitário. Além disso, as ocupações da reitoria ocorridas em maio deste ano e em junho de 2009 também trouxeram à tona estas pautas. 

A greve de fome de Josemiro chegou a comprometer sua saúde, o que forçou sua internação no Hospital Universitário, no sábado (30). Mesmo internado, o estudante se manteve firme no protesto, enquanto que, no campus, o estudante Daniel Fernandes também se acorrentou e iniciou uma greve de fome. Esse sentimento que visa a melhores condições para os estudantes atraiu a presença do defensor Yuri Costa (Defensoria Pública da União - MA) e Rafael Silva (Comissão de direitos Humanos, OAB-MA) à UFMA, neste sábado, bem como de representantes do poder legislativo maranhense, que estudam sobre os procedimentos a serem adotados em face do conflito. 

Movimento ganha força.
A pressão para que a Reitoria se posicione de maneira mais efetiva tem se intensificado. Professores e alunos chegaram a fazer um protesto em frente à casa do Reitor, mas sem obtenção de resposta. A repercussão nas redes sociais, nos blogs e na imprensa local tem sido significativa, com divulgação dos acontecimentos e notas de apoio e solidariedade e chamadas para atos públicos, fortalecendo um movimento que tem como lema “Somos todos Josemiro”. Nesta segunda, o portão da UFMA amanheceu ocupado pelos manifestantes e deixou a Av. dos Portugueses congestionada nos dois sentidos. Somente por volta das 9h, a avenida no sentido ITAQUI-BACANGA-CENTRO foi liberada e, aos poucos, o trânsito foi normalizado.

Escrito por: Joelma Baldez, Matheus Coimbra, Juliana Vieira e Rildo Corrêa da Redação Foca Aí!

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