ESPECIAL - PELOS CANTOS DE ENCANTOS DA ILHA
O
Maratuque Upaon-açu é um grupo de percussão originário de São Luís do Maranhão
que mistura diversos ritmos, como a dança do coco, afoxé, bumba-meu-boi e suas
diversas formas de manifestação, como o sotaque da baixada, boi de zabumba,
além de influências como o Maracatu de Pernambuco, claro que com uma forma mais
maranhense de ser.
Integrantes do grupo logo após apresetação
no
Centro-Histórico de São Luís
|
O
conjunto surge no fim de 2007, com a chegada do musicólogo, percussionista e
professor pernambucano Marcelo Santos, que veio a São Luís estudar os ritmos da
cidade e a expressão do bumba-meu-boi. Através do Laborarte, Marcelo Santos
também acabou conhecendo o Tambor de Crioula e resolveu oferecer uma oficina
pra apresentar o Maracatu, famoso no seu estado, que mistura a religiosidade do
Candomblé com ritmos musicais e tambores. Algumas pessoas se interessaram muito
pelo ritmo e resolveram misturá-lo à cultura maranhense. Surgia assim o
Maratuque Upaon-açu.
Em
entrevista, a percussionista e líder da equipe, Cristiane Lima Souza, afirma
que o Maratuque é muito dinâmico e, por isso, preferiram chamá-lo de grupo,
pois não é fechado como uma banda. É um grupo que já passou por diversos
processos de mudança e renovação de integrantes, além de estar aberto para
receber novos participantes. Desde a formação original de 2007, apenas quatro
integrantes permaneceram, mas hoje, o Maratuque abriga mais de vinte músicos,
percussionistas e instrumentistas. Cristiane fala ainda que esse grupo foi e é
muito importante para sua formação pessoal, pois, nele, ela encontrou sua
identidade cultural e, através dele, passou a se interessar mais pela arte e
fez várias viagens para estudar os ritmos do nordeste.
Alguns instrumentos utilizados na apresentação
do
MaratuqueUpaon-açu.
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Cristiane
ainda comenta sobre a importância do Maratuque para a difusão da cultura
maranhense, através da fusão de vários ritmos, misturando os instrumentos do
Maracatu com a criatividade e o jeito maranhense de fazer músicas, aproveitando
para preservar ritmos não tão conhecidos como o da baixada maranhense e
contribuindo assim para a manutenção da nossa tradição e a renovação da música,
chamando atenção e a atiçando a curiosidade das novas gerações. Ela chama
atenção também para o preconceito que o grupo sofreu, por ter influências de
fora do estado.
“O
bumba-meu-boi vem de tradições e os mestres estão falecendo, deixando na
responsabilidade de seus filhos a manutenção dessa cultura. Mas podemos notar
que hoje em dia a juventude está esquecendo muito de levar a tradição adiante,
o boi de orquestra por exemplo está totalmente desfigurado da versão mais
antiga, o Boi de Axixá é um dos que ainda preservam a tradição. O foco hoje do
Bumba-meu-boi é mais comercial, com índias e índios bonitos e roupas para
chamar atenção pela estética, fugindo um pouco da verdadeira essência. Nós
tentamos difundir essa tradição, mostrando os diferentes ritmos do boi para que
as pessoas tenham contato com nossa música, nossa cultura”, acrescenta.
Grupo Maratuque durante cortejo no Reviver
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Aquecimento dos tambores,
também chamados de Alfaias
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Pode-se dizer que o Maratuque é um projeto cultural único, pois além de fazer uma junção de várias influências musicais e rítmicas, é também uma equipe dinâmica e aberta ao público que se interessar em participar, contribuir e se tornar um membro. É denominado pelos integrantes como um “grupo de rua”, faz várias manifestações artísticas principalmente nas ruas da Praia Grande, é acompanhado pelas pessoas que assistem numa espécie de cortejo, onde todos se contagiam e dançam ao ritmo dos tambores tradicionais.
Aqui no Maranhão, o Maratuque ainda se preocupa em promover ações culturais e sociais onde ensinam a tocar a percussão e, sempre que entram novos membros no grupo, a regente é quem fica responsável pela orientação. Também se manifestam em favor da preservação do Centro Histórico maranhense, sempre se interessando em contribuir com os movimentos que visam ações com essa proposta.
Ensaio do grupo, na praça Maria Aragão em São Luís
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Reunião do Maratuque na Praça Nauro Machado,
no
Centro-histórico de São Luís.
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A
divulgação do Maratuque é feita pelas redes sociais, pode-se entrar em contato
com os integrantes por meio da página do Facebook Maratuque Upaon-açu e pelo
grupo aberto no facebook com mesmo nome. Possuem Instagram e contam com a
divulgação nos jornais da cidade quando participam de algum evento de grande
porte.
É
de grande importância para a cultura maranhense a contribuição e criação de
grupos como o Maratuque Upaon-açu, que se preocupam em preservar a tradição e
levar adiante essa enorme riqueza de ritmos musicais e danças presentes em
nosso estado. É muito bom saber que podemos contar com a dedicação e entrega
pessoal de cada integrante, além da forma como tudo é feito com amor e carinho,
contagiando a todos que assistem. São exemplos como esses que devem ser
seguidos para um melhor aproveitamento da cultura, da arte e da música em São
Luís.
Escrito por Ingrid Cutrim, colaboradora do blog Foca Aí
Escrito por Ingrid Cutrim, colaboradora do blog Foca Aí
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