segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Novos escritores descobertos em São Luís*

Cenário da redescoberta de talentos literários da cidade

Dentre inúmeros títulos concedidos a São Luís, um se destaca no mundo das Letras: o de Atenas Brasileira. É um título que faz referência a uma geração de escritores do século XIX. Quem não os conhece por suas produções, certamente conhece um teatro, uma escola, uma rua que levam seus nomes, como é o caso de Gonçavels Dias, Sousândrade, Sotero dos Reis, Aluízio Azevedo e Arthur Azevedo, Raimundo Corrêa, dentre tantos outros. No século XX, destacou-se o escritor Graça Aranha, peça fundamental para o movimento Modernista no Brasil, com sua participação na Semana de 22. E no século XXI, teria São Luís perdido esse título?
Neste ano, tivemos perdas e ganhos que agitaram os corações dos amantes da arte literária que vivem na cidade. Tivemos que dar adeus a ícones da produção local no século XX, ocupantes de cadeiras na Academia Maranhense de Letras: o paraibano José Chagas, que se apaixonou por São Luís e a adotou como cidade, e o maranhense Ubiratan Teixeira, que reunia qualidades de escritor, cronista, teatrólogo e jornalista,. Mas, no último mês, comemoramos o primeiro ano de aniversário da Academia Ludovicense de Letras, vivenciamos a II Mostra Literária na cidade e fomos surpreendidos positivamente com os vencedores do 35º Concurso literário “Cidade de São Luís”, pela qualidade das obras e pelo perfil dos novos escritores, jovens e iniciantes na atividade literária.
Uma realidade que, há tempos, incomoda nossos escritores locais e nacionais é que não falta quem produza mas quem leia. Em São Luís, mesmo no século de ouro da nossa literatura, essa constatação já se traduziu em desabafos desesperançados. De acordo com o jornalista Lucius Mello, Aluísio Azevedo, ao tratar da questão do mercado editorial, em uma ocasião disse: “E eu? Escrever para quê? Para quem? Não temos público. Uma edição de dois mil exemplares leva anos para esgotar-se”. Mas, se não houver quem escreva, o quadro se agrava, porque os poucos dedicados leitores se tornarão órfãos e o incentivo a novos leitores se tornará impensável.
As mostras e os concursos literários são ações necessárias para que, independentemente do título atribuídos à cidade, mostre que a criatividade, a qualidade da escrita não se limita aos que ocupam uma cadeira de patrono ou fundadores da Academia Brasileira de Letras, como ocorreu com nomes consagrados do século XIX. A jovem Sabryna Mendes foi citada pela presidente da comissão julgadora do concurso “Cidade de São Luís”, Márcia Manir como a autora que surpreendeu pelo romance de fôlego que produziu. O escritor Wescley Brito, já iniciado em outros gêneros, agradou pela fábula criada na categoria Infantojuvenil, ambientada na cidade. Se um dia tivemos uma geração de escritores que encantou e nos concedeu um título de inspiração europeia, atualmente temos uma geração que nos inspira a construirmos nosso lugar no mundo. E são escritores que nascem do mundo dos leitores de antigos nomes consagrados.

*Matéria publicada em 03 de setembro no blog Leitura Digital: leituradigital5.blogspot.com.br

Escrito por Joelma Baldez, da Redação Foca Aí

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Festejo de São José de Ribamar começa nesta sexta*



Tradicional festa religiosa reúne multidão todos os anos


Missas, batizados, bênçãos e graças alcançadas. Assim é o mês de setembro, na cidade Santuário de São José de Ribamar, quando acontece o tradicional festejo do santo padroeiro do Maranhão. Em 2014, a festa está programada para ocorrer entre os dias 5 e 14, mantendo a tradição da lua cheia.

         Sendo assim, no último dia 10 de agosto, o Santuário realizou o lançamento solene da festa, que tem como tema: “São José de Ribamar, padroeiro do Maranhão” e lema: “O futuro da humanidade passa pela família” (São João Paulo II). Segundo o reitor e pároco solidário do Santuário, Padre Cláudio Roberto, “o tema expressa o carinho e a devoção do povo maranhense para com São José de Ribamar: padroeiro, pai, amigo e protetor”.

        Além disso, faz uma referência à histórica devoção dos maranhenses ao santo. “Nós percebemos esse carinho do povo com o santo. As pessoas, de todos os lugares do estado, têm São José de Ribamar como um pai, acolhedor. E, como o Maranhão não possui um padroeiro, nós propomos que ele seja”,conta o pároco solidário.

      Com o lema escolhido, o festejo do padroeiro do Maranhão volta-se à família humana e suas questões sociais e religiosas, que serão abordadas no sínodo de outubro deste ano, uma reunião entre bispos de todo o mundo que abordará os diversos desafios pastorais para a evangelização das famílias. “Através do sínodo, o papa procura as boas experiências realizadas nas dioceses do mundo inteiro para aplicar em toda a igreja”, explica Padre Cláudio Roberto.

       Além disso, de acordo com o reitor, a imagem de São José de Ribamar nos traz um conjunto: a esposa, o esposo e o filho; fazendo uma referência direta à Sagrada Família de Nazaré, que na tradição cristã é o modelo de família humana.

     Na programação, que será totalmente religiosa, missas, novena, shows religiosos e procissões, dentre outros eventos, movimentarão a cidade santuário. E, no dia 6 de setembro, a grande romaria “Caminho de São José” sairá da igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Cohab, em direção ao santuário de São José de Ribamar, percorrendo toda a extensão da MA-201.

     Para encerrar o festejo, o Santuário promoverá, também, um grande show religioso com o Pe Aílton César. “A nossa expectativa é evangelizar e passar o recado de Deus, tocar nos corações. Isso é fundamental, pois queremos chegar a um povo missionário e voltado para Deus”, finaliza Pe Cláudio Roberto.

Demonstração de fé

       Para os romeiros, que visitam a cidade o ano inteiro agradecendo ou pedindo bênçãos, a festa de setembro é um momento único de comunhão com Deus. A devota Fátima Castro, da Paróquia de Santa Terezinha, no Filipinho, presente em várias edições do festejo, relata que o tema e o lema escolhido fazem todo o sentido, pois o santo representa um modelo de proteção à família. “São José cuidou de Jesus e de Maria. Ele é um exemplo de fé e dedicação a Deus, porque abraçou ao plano do Senhor e zelou por sua família até o fim de sua vida”, aponta.

     Da mesma forma, os romeiros da família Faro, naturais do Pará, vão sempre que possível ao Santuário agradecer graças alcançadas. “Todos os anos nós vimos até este santuário acolhedor agradecer as bênçãos de Deus em nossa vida e durante o festejo é um momento mais especial ainda, porque a gente entra em sintonia com todos os maranhenses para prestar nossas homenagens a São José de Ribamar”.

      Devotos desde criança, a família de Beta Coutinho sempre vai ao Santuário participar da Santa Missa e aproveitar para benzer os carros novos. “A gente sempre vem para a celebração e depois pede as bênçãos de Deus, por intercessão de São José de Ribamar. Pedi que Ele proteja nosso veículo e nossa família, porque, se nós conseguimos algo, foi Deus que nos propiciou condições para isso”, conclui.


O que: Festejo de São José de Ribamar
Quando: 5 a 14 de setembro de 2014
Onde: Cidade Santuário São José de Ribamar
Alvorada de Abertura - 05/09, às 5h (Saída do Moropóia)
Grande Romaria "Caminho de São José" - 06/09, às 18:00 (Saída da Cohab)
Procissão Marítima - 13/09, às 9h (Saída do Santuário)

*Matéria publicada dia 03/09, no Jornal "O Imparcial" on-line

sábado, 30 de agosto de 2014

Maratuque Upaon-açu: uma breve história sobre a nova roupagem da cultura maranhense.

ESPECIAL - PELOS CANTOS DE ENCANTOS DA ILHA

O Maratuque Upaon-açu é um grupo de percussão originário de São Luís do Maranhão que mistura diversos ritmos, como a dança do coco, afoxé, bumba-meu-boi e suas diversas formas de manifestação, como o sotaque da baixada, boi de zabumba, além de influências como o Maracatu de Pernambuco, claro que com uma forma mais maranhense de ser.

Integrantes do grupo logo após apresetação 
no Centro-Histórico de São Luís
O conjunto surge no fim de 2007, com a chegada do musicólogo, percussionista e professor pernambucano Marcelo Santos, que veio a São Luís estudar os ritmos da cidade e a expressão do bumba-meu-boi. Através do Laborarte, Marcelo Santos também acabou conhecendo o Tambor de Crioula e resolveu oferecer uma oficina pra apresentar o Maracatu, famoso no seu estado, que mistura a religiosidade do Candomblé com ritmos musicais e tambores. Algumas pessoas se interessaram muito pelo ritmo e resolveram misturá-lo à cultura maranhense. Surgia assim o Maratuque Upaon-açu.

Em entrevista, a percussionista e líder da equipe, Cristiane Lima Souza, afirma que o Maratuque é muito dinâmico e, por isso, preferiram chamá-lo de grupo, pois não é fechado como uma banda. É um grupo que já passou por diversos processos de mudança e renovação de integrantes, além de estar aberto para receber novos participantes. Desde a formação original de 2007, apenas quatro integrantes permaneceram, mas hoje, o Maratuque abriga mais de vinte músicos, percussionistas e instrumentistas. Cristiane fala ainda que esse grupo foi e é muito importante para sua formação pessoal, pois, nele, ela encontrou sua identidade cultural e, através dele, passou a se interessar mais pela arte e fez várias viagens para estudar os ritmos do nordeste.

Alguns instrumentos utilizados na apresentação 
do MaratuqueUpaon-açu.
O ritmo do Maracatu criado no Maranhão é bem diferente do original pernambucano, embora este tenha sido a principl influência e inspiração do Maratuque Upaon-Açu. No ritmo pernambucano existe todo um fundo religioso absorvido do Candomblé, com rituais e misticismos, o que se diferencia do maranhense, que tem como principal objetivo a música e a percussão. A formação do Maratuque consiste na harmonia estabelecida entre os seguintes elementos: uma regente, chamada também de “apito”; os agbês, também chamados de xequerês (em um total de cinco pessoas); duas caixas, tocadas por um casal de integrantes; o ferro; e as alfaias que são os instrumentos que mais chama a atenção durante a apresentação, pois são instrumentos grandes e bem parecidos com tambores.

Cristiane ainda comenta sobre a importância do Maratuque para a difusão da cultura maranhense, através da fusão de vários ritmos, misturando os instrumentos do Maracatu com a criatividade e o jeito maranhense de fazer músicas, aproveitando para preservar ritmos não tão conhecidos como o da baixada maranhense e contribuindo assim para a manutenção da nossa tradição e a renovação da música, chamando atenção e a atiçando a curiosidade das novas gerações. Ela chama atenção também para o preconceito que o grupo sofreu, por ter influências de fora do estado.
“O bumba-meu-boi vem de tradições e os mestres estão falecendo, deixando na responsabilidade de seus filhos a manutenção dessa cultura. Mas podemos notar que hoje em dia a juventude está esquecendo muito de levar a tradição adiante, o boi de orquestra por exemplo está totalmente desfigurado da versão mais antiga, o Boi de Axixá é um dos que ainda preservam a tradição. O foco hoje do Bumba-meu-boi é mais comercial, com índias e índios bonitos e roupas para chamar atenção pela estética, fugindo um pouco da verdadeira essência. Nós tentamos difundir essa tradição, mostrando os diferentes ritmos do boi para que as pessoas tenham contato com nossa música, nossa cultura”, acrescenta.

Grupo Maratuque durante cortejo no Reviver
O Maratuque possui várias canções autorais, todas compostas pela ex-integrante Thaís Marques, que hoje está residindo em outro estado e precisou sair do conjunto. As letras geralmente falam sobre o Maranhão, a cultura maranhense, apresentando muitas influências das canções de bumba-meu-boi, tambor de crioula, cacuriá e, às vezes, influências religiosas também. O grupo não recebe qualquer apoio financeiro de órgãos públicos ou ONG, todo o material usado é confeccionado pelos próprios integrantes, e os instrumentos são comprados pelas pessoas que os tocam. Em entrevista, a regente Cristiane Lima afirma que o grupo possui uma espécie de caixa que é feito pelas contribuições mensais dos integrantes e serve para cobrir as despesas gastas.
Aquecimento dos tambores, 
também chamados de Alfaias


Pode-se dizer que o Maratuque é um projeto cultural único, pois além de fazer uma junção de várias influências musicais e rítmicas, é também uma equipe dinâmica e aberta ao público que se interessar em participar, contribuir e se tornar um membro. É denominado pelos integrantes como um “grupo de rua”, faz várias manifestações artísticas principalmente nas ruas da Praia Grande, é acompanhado pelas pessoas que assistem numa espécie de cortejo, onde todos se contagiam e dançam ao ritmo dos tambores tradicionais.



Aqui no Maranhão, o Maratuque ainda se preocupa em promover ações culturais e sociais onde ensinam a tocar a percussão e, sempre que entram novos membros no grupo, a regente é quem fica responsável pela orientação. Também se manifestam em favor da preservação do Centro Histórico maranhense, sempre se interessando em contribuir com os movimentos que visam ações com essa proposta.

Ensaio do grupo, na praça Maria Aragão em São Luís
Os ensaios do conjunto acontecem todos os domingos às 10 h da manhã, na Praça Maria Aragão. A escolha do local se deu por ser um espaço aberto e gratuito, garantindo as pessoas assistirem aos ensaios e poderem entrar em contato com os integrantes do grupo com maior facilidade. Quando acontecem muitas apresentações, os ensaios ocorrem também durante a semana, sempre na quinta-feira às 20h.

Reunião do Maratuque na Praça Nauro Machado,
 no Centro-histórico de São Luís.
São inúmeras as apresentações já feitas pelo Maratuque Upaon-açu, destaca-se a apresentação feita no evento O Mestre Mandou, realizada pelo Mestre Amaral. Essa semana o grupo se apresentou no Movimento Sebo no Chão, que acontece no bairro do Cohatrac todos os domingos e foi convidado também, pela primeira vez, para participar da Mostra do Boi de Iguaíba neste mês de agosto. Além disso, saem em cortejos toda semana no Reviver.

A divulgação do Maratuque é feita pelas redes sociais, pode-se entrar em contato com os integrantes por meio da página do Facebook Maratuque Upaon-açu e pelo grupo aberto no facebook com mesmo nome. Possuem Instagram e contam com a divulgação nos jornais da cidade quando participam de algum evento de grande porte.

É de grande importância para a cultura maranhense a contribuição e criação de grupos como o Maratuque Upaon-açu, que se preocupam em preservar a tradição e levar adiante essa enorme riqueza de ritmos musicais e danças presentes em nosso estado. É muito bom saber que podemos contar com a dedicação e entrega pessoal de cada integrante, além da forma como tudo é feito com amor e carinho, contagiando a todos que assistem. São exemplos como esses que devem ser seguidos para um melhor aproveitamento da cultura, da arte e da música em São Luís.


Escrito por Ingrid Cutrim, colaboradora do blog Foca Aí

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

DANÇA E TEATRO: diálogos possíveis

Uma dançarina de quadrilha de São João
Foto: Maurício D'Paula
Se o teatro abre as portas para a dança, a dança retribui a singeleza por meio do teatro-dança. Este tem sido o ritmo da VIII Semana Maranhense de Dança. Para bailar e enriquecer o repertório do evento, o Teatro Alcione Nazaré recebeu a dançarina pernambucana Leila Nascimento, que apresentou o espetáculo “Calendário Revirado”, um convite para os espectadores refletirem sobre suas próprias histórias de vida.
Em “Calendário Revirado”, a artista conta sua trajetória de vida na dança e os caminhos trilhados pelos vários estilos, desde o balé clássico até o envolvimento com danças populares, como, por exemplo, o frevo, maracatu, quadrilha de São João. No espetáculo, a bailarina se perde na memória do tempo, fazendo um “calendário revirado” de quem dedica a vida à arte. Os anos se passam e a cada dia a personagem se torna mais madura. Os reflexos da vida pessoal se misturam com a arte de dançar e, em alguns momentos, a tensão aumenta, por exemplo, quando ela é impedida pelo namorado de dançar quadrilha. Impulsionada pela força maior da dança, acaba contrariando-o e integrando-se ao grupo; o sucesso foi tanto que no ano seguinte a menina que outrora era impedida de dançar se torna a noiva da quadrilha.
Nesse espetáculo é plausível a influência do teatro na construção da narrativa. Os elementos teatrais se revelam por meio da cenografia - uma mala com roupas, uma vassoura, cartazes, etc -, falas e a própria diversidade de identidades que uma única personagem apresenta no mesmo espetáculo.
Ao fim, percebe-se que o que passou ainda se faz presente, seja pela memória afetiva, pelas superações, pelos ensinamentos ou mesmo seja pelos momentos de angústias, que fazem de uma pessoa que se doou à dança uma artista madura e bem sucedida.

A magia da menina bailarina
Foto: Maurício D'Paula
Movimentos da dançarina adulta que se doou à arte
Foto: Maurício D'Paula
Além de espetáculos primorosos, a VIII Semana Maranhense de Dança tem sido um sucesso de público, reafirmando o grande interesse da população maranhense por essa arte. Jarvisson Dias é um dos maranhenses apaixonado pela arte de dançar e tem acompanhado de perto cada espetáculo. Para ele, a inovação é a principal atração: “a semana de dança me atrai pelo fato de sempre ter novidades, algo de diferente, inovador. Pra mim a semana de dança é uma terapia, onde consigo dançar, relaxar e esquecer dos problemas que tentam me impedir a continuar dançando”. A VIII Semana Maranhense de Dança segue até o dia 31 de agosto, com programação nos teatros Arthur Azevedo, João do Vale, Alcione Nazaré e com intervenções artísticas na Praia Grande.















Escrito por Maurício D'Paula, da Redação do Foca Aí

Sexta-feira de premiação do 35º concurso literário "Cidade de São Luís"

Fonte do Ribeirão é palco de solenidade de premiação literária
Foto: Iran Peixoto
A Fundação Municipal de Cultura (FUNC) realiza hoje, às 17h, a solenidade de premiação dos vencedores da 35ª edição do concurso literário "Cidade de São Luís" 2013, na Fonte do Ribeirão. Foram contempladas  oito obras em diferentes categorias: romance, novela, conto, poesia, ensaio, peça teatral, literatura infantojuvenil e jornalismo literário. Cada escritor receberá o valor de dez salários mínimos e certificado pela participação no concurso, e terá mil exemplares de sua obra publicados, além de uma tiragem especial em braile, destinada ao atendimento de portadores de deficiência visual em bibliotecas e outras entidades.
O concurso tem por objetivo "selecionar, premiar e publicar trabalhos inéditos de autores maranhenses ou comprovadamente radicados há pelo menos um ano no Estado do Maranhão" e, nesta edição, aumentou o número de chances de revelações de escritores. Além dos cinco prêmios tradicionalmente oferecidos, foram criados "Dona Carochinha", "Arthur Azevedo" e "João Lisboa", prêmios voltados para obras inscritas nas categorias infantojuvenil, peça teatral e jornalismo literário, respectivamente.
Segundo a organização do concurso, os vencedores são predominantemente jovens, com pouca experiência literária, mas com um nível de conteúdo que surpreendeu os jurados. A estudante de Jornalismo Sabryna Mendes, 20, natural da cidade de Itapecuru-Mirim, garantiu o prêmio "Aluízio Azevedo" com o livro "Cafés Amargos", na categoria romance. É sua primeira participação em um concurso do gênero.
A Comissão Julgadora do concurso é multidisciplinar e conta com um julgador maranhense e outro nacional por categoria, totalizando dezesseis profissionais atuantes nas áreas de Letras, Literatura, Teatro, Comunicação, Educação e Cultura. 



OBRAS PREMIADAS

Prêmio Aluízio Azevedo na categoria romance
-Cafés Amargos, de Sabryna Rosa Mendes de Castro.

Prêmio Graça Aranha na categoria novela
-O Labirinto, de Adonay Ramos Moreira.

Prêmio Coelho Neto na categoria contos
-O Suicida, de Antônio Carlos Araújo Ribeiro Júnior.

Prêmio Dona Carochinha na categoria literatura infantojuvenil
-A Formiguinha Bruna e o Reino das Saúvas, de Wescley Brito da Silva.

Prêmio Sousândrade na categoria poesia
-A Ilha do Encoberto, de Claudicélio Rodrigues da Silva.

Prêmio Arthur Azevedo na categoria peça teatral
-Post Mortem, de André Felipe Cruz Correa.

Prêmio Antônio Lopes na categoria ensaios
-A Flecha, a Pedra e a Pena: João Affonso, Aluísio Azevedo e a primeira revista ilustrada do Maranhão, de Iramir Alves Araújo.
Prêmio João Lisboa na categoria jornalismo literário
-Vem Cá Curiar Cacuriá!, de Inara Conceição Melo Rodrigues.



Escrito por Joelma Baldez, da Redação do Foca Aí
Com informações da Fundação Municipal de Cultura (FUNC)




quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ENTRE NESSA DANÇA


A VIII Semana Maranhense de Dança voltou a movimentar a cidade de São Luís. Com espetáculos acontecendo nos três principais teatros da cidade, o Arthur Azevedo, o João do Vale e o Alcione Nazaré, artistas locais têm participado de apresentações competitivas nas categorias solo masculino e solo feminino. Além disso, o público tem contado com espetáculos de arte-educação e oficinas com nomes locais e nacionais. E a apresentação principal ficou por conta do Grupo Experimental, de Pernambuco, com o espetáculo “Compartilhados”.
Na categoria arte-educação, companhias de dança já conhecidas, como o Balé Gil Sodré e a Companhia de Dança Primavera, além de dançarinos independentes, tiveram a oportunidade de exibir os trabalhos desenvolvidos no Maranhão, mostrando que o estado não está atrás de nenhum outro quando o assunto é dança. Do balé ao hip-hop, as mostras competitivas revelaram a diversidade de estilos que estão sendo desenvolvidos na região Metropolitana de São Luís. Fora o momento de entretenimento e prazer propiciado por espetáculos de beleza perspicaz, são abordados assuntos como o uso de drogas, romances, amores, etc, e instigando os espectadores a reflexões.
No palco do Teatro Arthur Azevedo, o dançarino, diretor, coreógrafo e presidente da Focus Companhia de Dança (RJ), Alex Neoral, conversou com os espectadores sobre sua carreira, sobre os espetáculos “As canções que você dançou pra mim” e “3 pontos ...” (apresentadas no início da semana de dança), destacando aspectos como inspirações, origem dos ideias coreográficas e desafios de captação de recursos. Segundo Alex, ainda existem grandes desafios financeiros para a produção de shows, visto que as políticas públicas ainda não conseguem abranger as inúmeras companhias de danças existentes. Neoral destacou também a complexidade das coreografias, que, a cada dia, exigem mais técnicas e maior diálogo com outras artes, como o Teatro. Sobre seu envolvimento com a dança, já são vinte anos de dedicação dos quais ele descreve: “A dança é tudo em minha vida. Sem ela eu morro!”. A expectadora Socorro Costa falou acerca do debate: sobre a criação do espetáculo "As canções que você dançou pra mim" em que o Alex Neoral disse: "temos que celebrar o amor, porque este mundo precisa" fiquei com isso na cabeça, depois percebi que nunca se falou tanto de amor e pouco se buscou viver, daí percebi que um mundo que descarta as experiências de amor é declarar a morte prematura de outras gerações. Sem amor é impossível mudar o mundo!”.
Também no palco do Arthur Azevedo, o Grupo Experimental (PE) mostrou um trecho da trilogia “Ilhados”, onde é destacado as percepções dos dançarinos a partir de uma experiência vivenciada na ilha de Fernando de Noronha. Na narrativa, os movimentos revelavam o modo de vida dos moradores daquela região, seus hábitos e costumes. Com uma proposta de cunho social, “Compartilhados” engendrou reflexões sobre poluição de praias, violência contra mulher, etc, envolvendo dança e teatro. Com o uso de projetor gerando imagens na plateia, o espetáculo conseguiu envolver de maneira sutil os apreciadores, possibilitando que o sentimento se tornasse parte integrante do espetáculo.


A VIII Semana de dança segue até domingo, dia 31 de agosto, com vasta programação. Os ingressos podem ser adquiridos gratuitamente nas bilheterias dos teatros, e os interessados podem doar um quilo de alimento não perecível nos locais.

Escrito por Maurício D'Paula, da Redação do Foca Aí.

Confira a programação completa dos próximos dias: http://kamaleao.com/saoluis/4455/semana-maranhense-de-danca


domingo, 24 de agosto de 2014

Xangai e João Pedro Borges: shows que promovem encontro de gerações, com notas musicais a gosto


O papel da música é esse, resgatar a paz interior, resgatar o gosto pela arte; quem ama a arte não violenta, quem ama a arte trabalha por uma causa (Rose Mary Fontoura).

A frase da Professora de Piano, Rose Mary Fontoura, dita em ocasião das comemorações de Aniversário de 40 anos da Escola de Música do Maranhão, é daquelas que faz eco em nossa mente, como as palavras de uma fada madrinha que anuncia bênçãos do destino em um período de caos. Acreditar na transformação do ser humano, na mobilização de seus sentimentos mais elevados por meio da arte exige um vivenciar de experiências inspiradoras. E isso a gente pode obter, compartilhando conhecimentos, estabelecendo trocas, atentando para o que nos é oferecido, em vários cantos de nossa Ilha...

Alguns ambientes de São Luís vêm sendo invadidos pela música, neste mês de agosto, com a magia necessária para encantar novos espíritos. Os teatros Arthur Azevedo e João do Vale tiveram que reservar seus palcos, na última semana, para a beleza produzida pelo baiano Xangai, com o show beneficente promovido pela CEBUDV – “Xangai canta Elomar”, e pelo maranhense João Pedro Borges, com “Brasileiro” – um show musical que fez parte de mais uma edição do SESC Amazônia das Artes. Com essa invasão, a música oportunizou um encontro de gerações para os músicos nordestinos de almas universais e promoveu momentos de paz para o público ludovicense em meio ao caos de nossos tempos.

Dois jovens, em uma noite de terça-feira, trabalharam ao lado de Xangai pela aproximação entre o público e a alma nordestina, por meio de histórias cantadas pela voz do mestre. O flautista baiano João Liberato e o violonista sergipano Ricardo Vieira, além de fazerem a abertura do concerto, como prefere chamar o contador de histórias, colaboraram para que os causos que envolvem inquietações, costumes e valores humanos, ambientada no universo sertanejo, fossem assimilados com encantos pelo público ludovicense. Os instrumentistas reverenciaram o mestre e ainda arrancaram manifestações de reconhecimento. Mas um nome maranhense também se destacou nos agradecimentos de Xangai, o do violonista João Pedro Borges, que prestigiava o evento naquela noite, mas que, no sábado, também vivenciaria, no palco de outro teatro, um encontro musical.

No sábado, o público foi convidado para um passeio pela música brasileira, contando com a postura didática e simpática do João Pedro Borges. Uma oportunidade para ouvir peças que representaram uma diversidade de gêneros, como choro, valsa, bossa nova. Uma oportunidade para nosso instrumentista nos apresentar Josué Costa, um jovem violonista piauiense, que apresentou o show “Luando”, sem abrir mão de fazer um gentil papel de anfitrião: tocar junto. Uma oportunidade para vermos a demonstração da elegância de um mestre que reconhece o talento das novas gerações. Foi um encontro em que João Pedro Borges foi reverenciado pelo jovem violonista, que o vê como ícone da história do violão brasileiro e patrimônio maranhense.

O que há de comum entre todos esses músicos nordestinos? Para além de suas origens, eles tornam a regionalidade a marca que aparece na execução das peças e nos momentos de interação com o público. Convocam esse público para realização da troca necessária e transformadora, da experiência artística que produz conhecimento, neste caso, a partir do ouvir atento. Fazem, implicitamente, o convite para a exploração do espaço em que se vive, que conta histórias, que testemunham as experiências coletivas. São chamados inspiradores para ocuparmos com maestria os diversos cantos de nossa Ilha, especialmente aqueles que tanto divulgamos para os visitantes. Talvez seja a hora de nossos encartes turísticos apresentarem outros convites aos que ainda não a conhecem: Visite São Luís, venha ouvir os artistas que vivem e produzem sua arte aqui ou Venha ouvir os artistas que se apaixonam por nossa cidade, em um ambiente que é só nosso, e está pronto para também ser seu.

Escrito por Joelma Baldez, da Redação do Foca Aí
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