segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Novos escritores descobertos em São Luís*

Cenário da redescoberta de talentos literários da cidade

Dentre inúmeros títulos concedidos a São Luís, um se destaca no mundo das Letras: o de Atenas Brasileira. É um título que faz referência a uma geração de escritores do século XIX. Quem não os conhece por suas produções, certamente conhece um teatro, uma escola, uma rua que levam seus nomes, como é o caso de Gonçavels Dias, Sousândrade, Sotero dos Reis, Aluízio Azevedo e Arthur Azevedo, Raimundo Corrêa, dentre tantos outros. No século XX, destacou-se o escritor Graça Aranha, peça fundamental para o movimento Modernista no Brasil, com sua participação na Semana de 22. E no século XXI, teria São Luís perdido esse título?
Neste ano, tivemos perdas e ganhos que agitaram os corações dos amantes da arte literária que vivem na cidade. Tivemos que dar adeus a ícones da produção local no século XX, ocupantes de cadeiras na Academia Maranhense de Letras: o paraibano José Chagas, que se apaixonou por São Luís e a adotou como cidade, e o maranhense Ubiratan Teixeira, que reunia qualidades de escritor, cronista, teatrólogo e jornalista,. Mas, no último mês, comemoramos o primeiro ano de aniversário da Academia Ludovicense de Letras, vivenciamos a II Mostra Literária na cidade e fomos surpreendidos positivamente com os vencedores do 35º Concurso literário “Cidade de São Luís”, pela qualidade das obras e pelo perfil dos novos escritores, jovens e iniciantes na atividade literária.
Uma realidade que, há tempos, incomoda nossos escritores locais e nacionais é que não falta quem produza mas quem leia. Em São Luís, mesmo no século de ouro da nossa literatura, essa constatação já se traduziu em desabafos desesperançados. De acordo com o jornalista Lucius Mello, Aluísio Azevedo, ao tratar da questão do mercado editorial, em uma ocasião disse: “E eu? Escrever para quê? Para quem? Não temos público. Uma edição de dois mil exemplares leva anos para esgotar-se”. Mas, se não houver quem escreva, o quadro se agrava, porque os poucos dedicados leitores se tornarão órfãos e o incentivo a novos leitores se tornará impensável.
As mostras e os concursos literários são ações necessárias para que, independentemente do título atribuídos à cidade, mostre que a criatividade, a qualidade da escrita não se limita aos que ocupam uma cadeira de patrono ou fundadores da Academia Brasileira de Letras, como ocorreu com nomes consagrados do século XIX. A jovem Sabryna Mendes foi citada pela presidente da comissão julgadora do concurso “Cidade de São Luís”, Márcia Manir como a autora que surpreendeu pelo romance de fôlego que produziu. O escritor Wescley Brito, já iniciado em outros gêneros, agradou pela fábula criada na categoria Infantojuvenil, ambientada na cidade. Se um dia tivemos uma geração de escritores que encantou e nos concedeu um título de inspiração europeia, atualmente temos uma geração que nos inspira a construirmos nosso lugar no mundo. E são escritores que nascem do mundo dos leitores de antigos nomes consagrados.

*Matéria publicada em 03 de setembro no blog Leitura Digital: leituradigital5.blogspot.com.br

Escrito por Joelma Baldez, da Redação Foca Aí

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