Para os racistas 13 de
Maio é um dia de fazer de conta que somos todos iguais. Fingir que as relações
raciais são harmônicas. Fingir que o amor não tem cor, pois as pessoas são
transparentes. Fingir que não existe racismo. Fingir que somos uma democracia
racial. Fingir que a miscigenação é benéfica e erradicou a possibilidade de
ódio racial. Fingir que a escravidão foi branda. Fingir que a liberdade foi
concedida pela bondade da realeza de ascendência lusitana. Fingir que o negro é
o mais racista, pois vendeu seus irmãos na África e repudia seus irmãos hoje.
Para o povo negro é
mais um dia de lutar contra as flagrantes e presentes desigualdades. Lutar
contra as discriminações. Lutar contra a imposição do embranquecimento
estético, cultural, político e ideológico. Lutar contra o racismo no interior
da própria família propagado por parentes (e até cônjuges) de etnias
diferentes. Lutar contra o racismo institucional promovido pelo próprio Estado
que se omite ou que efetivamente atua na opressão e extermínio da população
negra. Lutar contra a insistência de que o racismo é velado, como se não
existissem inúmeras demonstrações cotidianas de preconceito. Lutar contra os
reflexos ainda perceptíveis da escravidão. Lutar pelo reconhecimento da importância
da militância negra no passado e no presente para construir as mobilizações
futuras. Lutar para conscientizar irmãos e irmãs que permanecem influenciados
pelo ideário racista, sendo cúmplices da própria opressão.
13 de Maio não é o dia
de lembrar a falsa abolição, que nos tirou da escravidão e nos levou à miséria,
ao sub-emprego, à violência, à criminalização. 13 de Maio é dia de lutarmos
para acabar com o que ainda resta da hierarquização da nossa sociedade
historicamente racializada.
Nesse dia temos que
lutar para sermos reconhecidos como seres humanos, diferentemente do que
milionários oportunistas e pessoas que eternamente repudiaram a própria
negritude tentaram nos convencer nos animalizando tal qual os escravistas.
Escrito por um leitor, especialmente para a Redação Foca Aí
Richard
Christian Pinto dos Santos, marido de uma negra, pai de outra, professor de
escolas públicas de periferia com alunado majoritariamente negro, estudante de
doutorado numa turma com 25% de pessoas negras num estado com 75% de negros na
população total, militante de movimento negro, pesquisador das relações raciais
na sociedade brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Interaja com a gente!