Alcar Nordeste 2014 motiva estudantes de Comunicação Social |
No mês de muitas comemorações no tocante à
comunicação, a Universidade Federal do Maranhão recebeu o III Encontro Nordeste
de História da Mídia, com foco nos 50 anos do golpe civil-militar de 64
O ALCAR Nordeste 2014, incorporando o enfoque proposto pelo Comitê científico nacional da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (ALCAR), definiu como tema, para essa edição, “1964: Repressão e Resistência na Mídia”. Sob a coordenação do Professor José Ferreira Júnior, que leciona no Curso de Comunicação Social (UFMA), o evento foi realizado no campus da UFMA, em São Luís, nos dias 08 e 09 de maio.
Maria Berenice Machado, presidente da ALCAR nacional, explica que não há critérios predefinidos para a escolha de temas: “[...] é sempre um evento histórico, marcante, que possa nos auxiliar a reunir o maior número de pesquisadores, é um tema que possa motivar e engajar e que renda também”. O golpe civil-militar de 64 foi eleito como foco para as edições regionais em 2014, tendo em vista seus 50 anos. Ela frisa, porém, que não se trata de comemoração: “vamos rememorar, vamos desmemorar”.
Essa opinião também é compartilhada pelo coordenador
do evento regional: “não se comemora, mas se lamenta que tenha havido esse
episódio na história”. Ele se entusiasma, porém, com o número de inscrições: “Nós pensávamos num evento para 150
pessoas (...), os mais otimistas pensavam em 200; chegamos a 290”. Essa alta procura se revelou, para
ele, “uma surpresa agradável” que “superou, e muito, a expectativa”.
Ferreira Jr. destaca que houve “forte participação daqui de
São Luís, não só do curso de comunicação social, mas os cursos do CCSO, do CCH,
o curso de Jornalismo de Imperatriz (...) e, pontualmente, participação de
estados do nordeste, sobretudo, do Piauí, que é mais próximo”. Enfatiza, também,
como ponto positivo, a presença de estudiosos de outras regiões: “tem gente do
Pará, tem até um trabalho de Minas Gerais”.
O Professor Marcos Figueiredo, do Departamento de
Comunicação Social (UFMA), que realiza um estudo pioneiro, demonstrou notável
satisfação pela oportunidade de divulgar seus estudos na própria cidade: “[...]
minha
pesquisa é a história da televisão no Maranhão, eu me senti extremamente feliz, contemplado com a realização
[...]; trazer esse tipo de evento pra cá é o que todos esperamos”.
A estudante de Jornalismo Mayra Costa, da Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP) também se referiu de modo positivo ao encontro, e
disse ter sido “uma honra” apresentar um trabalho em São Luís. Cientificamente,
Mayra aponta duas razões pelas boas expectativas: a forte relação entre a temática
e sua pesquisa sobre cinema marginal e a possibilidade de troca com estudantes de outras
universidades. E, afetivamente, ela revela: “eu fico muito feliz porque meus avós
são professores daqui e eles tiveram a oportunidade de me ver apresentando
também”.
Uma discussão atual
Os 50 anos do golpe, que tem integrado a agenda da mídia
nacional, promoveu reflexões sobre passado e presente, em Grupos Temáticos e
Rodas de Conversa.
Segundo Ferreira Jr., o evento definiu uma programação com equilíbrio entre os enfoques
nacionais e locais. Isso pôde ser constatado pela diversidade de contextos em
que os trabalhos estavam ambientados e pela presença de pesquisadores de outros estados e, também, do Maranhão. Nesse caso, destacam-se os que vivenciaram o
momento do golpe, sofreram a repressão política, e que, hoje, ainda
atua no meio político e jornalístico maranhense.
Outra surpresa do evento foi a abordagem sobre novas formas
de resistência, que têm surgido no espaço público, e sua divulgação por meios alternativos,
como as manifestações de junho de 2013. De acordo com Ferreira Jr, essa
abordagem estabelece maior proximidade com o público, sobretudo, com os jovens:
“[...] a gente criou, por fim, uma mesa pra debater o ativismo digital, com
professores nossos, aqui, professores que trabalham com mídia digital, que
alimentam blogs”.
Essa proposta parece ir ao encontro dos interesses de jovens
estudantes, que não se mostram satisfeitos com a mídia tradicional. Domingos
Alves de Almeida, que cursa Jornalismo no campus da UFMA de Imperatriz, faz a
seguinte reflexão sobre a mídia maranhense: “O sistema
midiático que nós temos hoje nos representa? Eu acredito que não”. E conclui: “Ela
representa uma classe elitizada, que é da mesma forma que aconteceu na ditadura
militar”.
Escrito por: Joelma Baldez, da Equipe do Foca Aí
Escrito por: Joelma Baldez, da Equipe do Foca Aí
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