sábado, 10 de maio de 2014

UFMA recebe Alcar Nordeste 2014, com participação expressiva de estudantes e pesquisadores da mídia

Foto do dia 09/05/2014
Alcar Nordeste 2014 motiva estudantes de Comunicação Social
No mês de muitas comemorações no tocante à comunicação, a Universidade Federal do Maranhão recebeu o III Encontro Nordeste de História da Mídia, com foco nos 50 anos do golpe civil-militar de 64

O ALCAR Nordeste 2014, incorporando o enfoque proposto pelo Comitê científico nacional da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (ALCAR), definiu como tema, para essa edição, “1964: Repressão e Resistência na Mídia”. Sob a coordenação do Professor José Ferreira Júnior, que leciona no Curso de Comunicação Social (UFMA), o evento foi realizado no campus da UFMA, em São Luís, nos dias 08 e 09 de maio.
Maria Berenice Machado, presidente da ALCAR nacional, explica que não há critérios predefinidos para a escolha de temas: “[...] é sempre um evento histórico, marcante, que possa nos auxiliar a reunir o maior número de pesquisadores, é um tema que possa motivar e engajar e que renda também”. O golpe civil-militar de 64 foi eleito como foco para as edições regionais em 2014, tendo em vista seus 50 anos. Ela frisa, porém, que não se trata de comemoração: “vamos rememorar, vamos desmemorar”.
Essa opinião também é compartilhada pelo coordenador do evento regional: “não se comemora, mas se lamenta que tenha havido esse episódio na história”. Ele se entusiasma, porém, com o número de inscrições: “Nós pensávamos num evento para 150 pessoas (...), os mais otimistas pensavam em 200; chegamos a 290”. Essa alta procura se revelou, para ele, “uma surpresa agradável” que “superou, e muito, a expectativa”.
Ferreira Jr. destaca que houve “forte participação daqui de São Luís, não só do curso de comunicação social, mas os cursos do CCSO, do CCH, o curso de Jornalismo de Imperatriz (...) e, pontualmente, participação de estados do nordeste, sobretudo, do Piauí, que é mais próximo”. Enfatiza, também, como ponto positivo, a presença de estudiosos de outras regiões: “tem gente do Pará, tem até um trabalho de Minas Gerais”.
O Professor Marcos Figueiredo, do Departamento de Comunicação Social (UFMA), que realiza um estudo pioneiro, demonstrou notável satisfação pela oportunidade de divulgar seus estudos na própria cidade: “[...] minha pesquisa é a história da televisão no Maranhão, eu me senti extremamente feliz, contemplado com a realização [...]; trazer esse tipo de evento pra cá é o que todos esperamos”.
A estudante de Jornalismo Mayra Costa, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) também se referiu de modo positivo ao encontro, e disse ter sido “uma honra” apresentar um trabalho em São Luís. Cientificamente, Mayra aponta duas razões pelas boas expectativas: a forte relação entre a temática e sua pesquisa sobre cinema marginal e a possibilidade de troca com estudantes de outras universidades. E, afetivamente, ela revela: “eu fico muito feliz porque meus avós são professores daqui e eles tiveram a oportunidade de me ver apresentando também”.

Uma discussão atual

Os 50 anos do golpe, que tem integrado a agenda da mídia nacional, promoveu reflexões sobre passado e presente, em Grupos Temáticos e Rodas de Conversa. Segundo Ferreira Jr., o evento definiu uma programação com equilíbrio entre os enfoques nacionais e locais. Isso pôde ser constatado pela diversidade de contextos em que os trabalhos estavam ambientados e pela presença de pesquisadores de outros estados e, também, do Maranhão. Nesse caso, destacam-se os que vivenciaram o momento do golpe,  sofreram a repressão política, e que, hoje, ainda atua no meio político e jornalístico maranhense.
Outra surpresa do evento foi a abordagem sobre novas formas de resistência, que têm surgido no espaço público, e sua divulgação por meios alternativos, como as manifestações de junho de 2013. De acordo com Ferreira Jr, essa abordagem estabelece maior proximidade com o público, sobretudo, com os jovens: “[...] a gente criou, por fim, uma mesa pra debater o ativismo digital, com professores nossos, aqui, professores que trabalham com mídia digital, que alimentam blogs”.
Essa proposta parece ir ao encontro dos interesses de jovens estudantes, que não se mostram satisfeitos com a mídia tradicional. Domingos Alves de Almeida, que cursa Jornalismo no campus da UFMA de Imperatriz, faz a seguinte reflexão sobre a mídia maranhense: “O sistema midiático que nós temos hoje nos representa? Eu acredito que não”. E conclui: “Ela representa uma classe elitizada, que é da mesma forma que aconteceu na ditadura militar”.

Escrito por: Joelma Baldez, da Equipe do Foca Aí

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