quarta-feira, 7 de maio de 2014

Crescimento desordenado de São Luís contribui para a poluição dos rios urbanos

Curso de água do rio Calhau

“Praticamente todos os rios de São Luís são rios altamente contaminados”, afirmou o consultor Márcio Vaz, doutor em Ciências Ambientais. Segundo ele, por conta de os rios da localidade serem cursos d’água de pequena vazão, eles não possuem volume de água suficiente para diluir os esgotos que são jogados in natura. “Aproximadamente 60% da cidade coleta esgoto, mas só 30% trata o esgoto”, revela Márcio. Ainda segundo ele, isso se deve, em grande parte, ao crescimento desordenado de São Luís, que se expandiu sem uma infraestrutura de saneamento.

“Existe uma relação direta entre a área urbana formal e a questão de contaminação das águas. Então uma área urbana formal é aquela que tem uma infraestrutura de saneamento, de coleta de resíduo, de lixo (...) e a área urbana informal é aquela que é criada a partir de uma comunidade, a partir de uma área de ocupação, e essa área se expande de uma forma irregular, não planejada, então geralmente ela não vai ter essa infraestrutura colocada em seu devido lugar”, elucida ele. E grande parte da área urbana da capital maranhense é categorizada como área informal, o que contribui para que uma grande quantidade esgoto sem tratamento seja lançado nos corpos hídricos da cidade.

“Basta uma comunidade estar contaminando o rio que eu posso ter 90% da bacia com o sistema de tratamento, mas o rio será contaminado por esses 10% que não têm tratamento. Então para garantir que nós não teríamos poluição na cidade e nas praias, nós teríamos que ter a garantia de que 100% da cidade está saneada”, contou. E avaliou: “então o cenário de curto e médio prazo de São Luís não é um cenário favorável, porque há uma grande área a ser saneada, e, ao mesmo tempo, essas áreas informais continuam se expandindo”.

Além dos esgotos, o lixo e resíduos que muitas vezes são varridos pelas águas das chuvas e arrastados para as correntes de água também são um dos responsáveis pela poluição dos recursos hídricos. “Mesmo em países de primeiro mundo que têm 100% de saneamento, a praia continua tendo problemas ocasionais, porque a chuva que lava a cidade leva contaminação para as praias e rios”, contou.

“A grande meta que nós deveríamos ter como sociedade não é eliminar integralmente a poluição. Esta sempre ocorrerá ocasionalmente. (...) Agora, também, nós não podemos aceitar áreas que são permanentemente contaminadas e que estão permanentemente impróprias”, concluiu Márcio.

Escrito por: Juliana Monteiro Vieira

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